A primeira sala pública de cinema em Anápolis no prédio do Centro Cultural Ulysses Guimarães teve o investimento de R$100 mil e iniciará o funcionamento já em abril
Tombado como patrimônio histórico da cidade de Anápolis, o Centro Cultural Ulysses Guimarães, também conhecido como prédio do antigo fórum, na Praça Bom Jesus, onde hoje funciona a Galeria Antônio Sibasolly, está prestes a ganhar uma sala pública de cinema. Em reforma desde fevereiro, a sala que receberá a sala pública de cinema recebeu investimento de cerca de R$100 mil, entre reforma, piso tátil, estrutura física, climatização e equipagem tecnológica. Tudo isso, preservando o estilo arquitetônico e as características que concedem ao prédio o título de patrimônio histórico de Anápolis.
A iniciativa é da produtora Território Cultural, possível graças à aprovação do projeto Cinema Para Todos no Edital da Lei Paulo Gustavo, operacionalizada pela Prefeitura de Anápolis. Luiz Fragelli, produtor responsável pela idealização e execução do projeto, conta que a ideia é fornecer à comunidade anapolina uma programação gratuita que irá democratizar o cinema e fortalecer a fruição das produções locais, além de auxiliar na preservação de um patrimônio da cidade.
“A sala pública é uma conquista gigante para Anápolis. Estamos qualificando um espaço no centro da cidade que servirá para diversas atividades da cultura. Mais que isso, estamos disponibilizando um local para dar vazão à produção de filmes. Local que o pessoal vai poder exibir seus filmes. Local que vai receber encontros, oficinas, palestras e debates. Uma sala qualificada, climatizada, com piso e toda estrutura tecnológica e logística que uma sala de cinema precisa’, pontuou.
Desde 2012, a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), órgão responsável pela regulação, fomento e promoção do cinema brasileiro, estuda mecanismos de criação de uma rede pública para a oferta descentralizada de cinema à população e para a promoção de diversidades dos filmes. Na época, a agência discutia um plano que tinha como meta a instalação de 300 salas públicas de cinema até 2020. Projeto que acabou não sendo efetivado devido a pandemia da Covid-19 e novas concepções políticas sobre o tema. Com a Lei Paulo Gustavo, o plano voltou à centralidade das discussões e Anápolis agora é uma das cidades que terá sua sala pública.
Um prédio que faz história
O prédio que hoje é o Centro Cultural Ulysses Guimarães foi idealizado em 1938 para abrigar a sede da Prefeitura Municipal, como também a sede do Fórum. Sua construção foi realizada para simbolizar o processo de modernização pelo qual passou o município com a chegada da ferrovia e dar à administração pública municipal um caráter identitário moderno. Em 1975, a prefeitura ganha uma nova sede e o prédio se mantém apenas como fórum da cidade.
Anos depois, em 1993, o poder judiciário se muda para uma nova sede e o prédio passa a ser ocupado por diferentes órgãos até aqui. A Galeria Antônio Sibasolly foi a mais profícua, tendo promovido em 2019 uma reforma que compreendeu a fachada e a estrutura interna, além de realizar com recursos próprios a manutenção e reparo do prédio. Agora, em 2024, o prédio ganha uma sala pública de cinema com 44 lugares sentados e uma tela com cinco metros de largura e três de altura, além de equipamentos de última geração para atender à população.
A escolha pelo prédio atendeu dois requisitos: a centralidade do espaço, tendo linhas de ônibus de diferentes e periféricas regiões da cidade; e a possibilidade de fomentar e cruzar amantes de linguagens diferentes das artes (as visuais e cinematográficas), uma vez que a Galeria Antônio Sibasolly vem realizando uma série de agendas de exposições com grande público.
Paulo Henrique Silva, coordenador da Galeria de Artes Antônio Sibasolly e responsável direto pelo prédio desde a realocação da Diretoria de Cultura, juntamente com as demais diretorias que integram a pasta da Integração, para o piso superior do Terminal Urbano, desde o final de 2022, acredita que a nova sala de exibição que passa a integrar a Sibasolly irá ampliar os serviços oferecidos pela galeria.
“A população terá a oportunidade não apenas de visitar exposições de arte, mas também de desfrutar, gratuitamente, de um cineminha com a família no final de semana. Vale ainda ressaltar que o novo espaço estará disponível não apenas para a exibição de filmes, mas também poderá ser utilizado por todo o setor cultural da cidade para a realização de palestras, cursos, reuniões, entre outras atividades afins”.
Para a coordenadora de políticas sociais da prefeitura de Anápolis, Eerizania Freitas, responsável pelas demandas do segmento cultural no município, a Lei Paulo Gustavo além de auxiliar os fazedores de cultura, beneficiará especialmente a população. “O segmento audiovisual se beneficia, é claro, pois além da melhoria estrutural do espaço físico, estamos fomentando o fazer cultural em Anápolis. Mas, de fato, quem mais ganha são os anapolinos, que poderão em breve ter acesso como expectadores de projetos, exposições e demais atividades culturais que acontecerão no espaço”, afirma.
Paulo Henrique ainda destaca a importância de projetos como esse na contribuição para a qualificação e manutenção contínua de prédios históricos. “O Centro Cultural Ulysses Guimarães vem passando por melhorias constantes nos últimos seis anos, sempre procurando preservar os traços arquitetônicos do aparelho cultural. Adotamos para a realização de todas as adequações o conceito de Fachismo, conforme orientado por órgãos como o Iphan e faculdades de arquitetura. O conceito de “fachismo” na arquitetura patrimonial refere-se à prática de preservar as fachadas de prédios históricos, enquanto se permite a adaptação ou renovação do interior dessas estruturas para diferentes usos, como museus e centros culturais. Dessa forma, buscamos encontrar um equilíbrio entre a preservação do patrimônio histórico e a capacidade de adaptá-lo para atender às necessidades contemporâneas”.
OCUPAÇÃO DO PRÉDIO DO CENTRO CULTURAL ULYSSES GUIMARÃES (ANTIGO FÓRUM) AO LONGO DOS ANOS | |
1938 | Funcionamento da Prefeitura juntamente com o Fórum |
1975 | Prefeitura transfere-se para outra sede |
1991 | Tombamento do prédio |
1993 | Fórum transfere-se para outra sede |
1993 | Funcionamento de diversos serviços no prédio (PROCON, escola de teatro, etc.) |
2001 | Projeto de Revitalização |
2004 | Secretaria Municipal de Cultura e Galeria Antônio Sibasolly se instalam |
2022 | Diretoria de Cultura deixa o prédio, ficando apenas a Galeria Antônio Sibasolly |
2024 | Sala Pública de Cinema é instalada no prédio |
porRedação – foto: divulgação